quarta-feira, 22 de maio de 2013

Amores (devaneios às duas da manhã)

Estava a ver a Californication e tive que vir escrever. Gosto muito da série, mas sempre que a vejo sinto um misto de raiva e tristeza.
Penso que toda a gente, a certa altura da vida já teve um amor como o do Hank e da Karen. Uma relação em que a única coisa que prende as pessoas uma à outra é o amor que sentem. Uma relação em que não há nada em comum, nem sequer confiança, em que nada resulta, em que as expectativas não são correspondidas, e em que se passa a vida a magoar a outra pessoa, e ela a nós. É como se não conseguíssemos imaginar a vida sem aquela pessoa, mas também não conseguíssemos viver com ela. É difícil explicar, a quem nunca sentiu isto, porque no fundo é uma relação que não faz sentido. É perguntarmo-nos porque é que gostamos daquela pessoa e não termos resposta nenhuma. É bater vezes sem conta com a cabeça na parede, é não querer acordar, não querer enfrentar a realidade, porque fundamentalmente é uma relação sem esperança, e sabemos que no dia em que finalmente analisarmos aquilo e distanciarmos a cabeça do coração, a única solução é ir cada um para seu lado. É uma relação, pobre e rica ao mesmo tempo. Pobre porque não há nada para além do amor, rica porque é preciso um grande amor para manter duas pessoas unidas, sem mais nada para suportar a relação.
Felizmente um dia acordamos, e percebemos que só amor não chega. Percebemos que queremos alguém ao nosso lado que nos complete e nos acompanhe, na viagem da vida. Alguém que nos faça feliz. Uma relação que para além de amor, tenha amizade, respeito, admiração, carinho, preocupação, interesse... Enfim, uma relação completa, com bases sólidas e onde possamos ver um futuro. Uma relação que se integre na nossa vida, com uma pessoa que caminhe ao nosso lado, por escolha própria, porque vamos os dois no mesmo sentido, e fazemos falta na vida um do outro. Uma relação em que a cabeça e o coração andem de mãos dadas. Uma relação a sério, mais do que um amor...
Há coisas que nunca se esquecem, e provavelmente, irei ver a Californication muitas vezes e lembrar-me com tristeza de algo que ficou para trás, mas também me faz dar valor ao que tenho no presente, e porra, pela primeira vez na vida, sinto-me completamente bem, e sinto, sem exagero nenhum, que a minha relação é melhor que as outras todas e que o meu namorado é o melhor do mundo!

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