sábado, 25 de abril de 2015

25 de abril sempre!




Faço parte de uma geração que não existia a 25 de Abril de 1974. Dei o Estado Novo e a Revolução dos Cravos na escola, ouvi histórias dos meus pais e dos meus avós, e no entanto só consigo imaginar, e mal, como seria viver naquela altura. Felizmente nasci numa época diferente. E às vezes, quando vejo certo tipo de coisas, como pessoas matarem outras só por terem uma religião diferente, ou outra orientação sexual, assusto-me. E assusto-me porque não sei o que é viver uma vida em que não posso expressar (nem ter) as minhas opiniões. Onde eu, ainda por cima sendo mulher, tenho que pedir autorização a um homem para tudo. Em que a minha vida está traçada desde o momento que nasço: casar, ter filhos, servir um homem, e no meio disto tudo, dar graças a Deus e "levar a minha cruz" como diz a minha avó. A minha vida seria igual à dela. E nem ela, que foi educada para ser assim e para não questionar, gostou verdadeiramente da vida que teve. Foi o que foi, porque teve que ser, porque era assim.
Deus, Pátria e Família. Pelo meio o Fado e o Benfica. E eu felizmente, só consigo imaginar, e mal, como isso era. Mas dentro da minha pobre concepção desses dias, sei que seria impossível publicar este texto, e vocês lerem-no. Na verdade, quase toda a minha vida seria impossível. E se me chateia as barreiras que tenho, por viver num país como Portugal, pelo estado da nossa economia, pela corrupção, pelo sistema de cunhas, pela falta de civismo, pelas mentalidades tacanhas, sinto-me cheia de sorte por termos liberdade de decisão e de lutar pelo que queremos, e assusta-me muito que um dia esta liberdade se perca. Porque infelizmente este dia, sobretudo para quem, como eu, não o viveu há 41 anos, está cada vez mais a perder importância, habituamo-nos a ter tudo isto de mão beijada, e hoje em vez de irmos votar, vamos à praia porque está calor, ou ficamos em casa porque está frio. Ou então nem sabemos para que servem as eleições que estão a decorrer. E é triste, porque não ter consciência, não querer saber, é meio caminho andado para se perder tudo o que se conquistou ao longo destes 41 anos.
25 de Abril sempre, viva a Liberdade!





1 comentário:

melguinha2 disse...

Essas musicas que partilhaste são muito bonitas!! Sim,viva a liberdade,todos nós temos direito a sermos livres!!